yoga

Origem e difusão do yoga

A palavra sânscrita yoga significa “união” ou, também, “jugo”. O yoga é um conjunto de preceitos e práticas espirituais da Índia que originalmente tinham por objetivo a “união” com o Divino, de certa forma por meio de um controle (“jugo”) da mente e/ou do corpo.

 

A mais antiga menção a práticas de yoga está no Rigveda, um dos quatro textos canônicos hindus conhecidos como Vedas. As práticas de yoga são também mencionadas nos Upanixades, escritos védicos posteriores. O primeiro uso do termo yoga surge no Katha Upanixade, provavelmente composto entre os séculos V e III a.C.

 

O yoga é considerado uma das seis doutrinas ortodoxas (darshanas) do hinduísmo. Essas doutrinas são: yoga, vedanta, sânquia, purva mimamsa, niaia e vaisesica.

Três tipos principais

Segundo a Bhagavad Gita, um dos principais textos religiosos hindus, o yoga pode ser dividido em três tipos principais: karma-yoga, ou yoga da ação; bhakti-yoga, ou yoga da devoção, e jñana-yoga, ou yoga do conhecimento.

karma-yoga

Na Bhagavad Gita, Krishna, um dos avataras (“encarnações”) de Vishnu, ensina que o karma-yoga é a prática espiritual da “ação não-egoísta realizada em benefício dos outros”. O karma-yoga é um caminho para alcançar a liberação espiritual (moksha) por meio das obras.

 

O bhakti-yoga é um termo que designa o conjunto de práticas espirituais voltadas à devoção para com a divindade. A Bhagavad Gita e o Bhagavata Purana dão explicações sobre o desenvolvimento da aptidão para a devoção. É provavelmente a via espiritual mais seguida da Índia. 

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O jñana-yoga, por sua vez, é uma prática espiritual que busca a liberação por meio do conhecimento. O discípulo deve meditar sob a direção de um guru ou mestre espiritual, com vistas a compreender as realidades espirituais mais elevadas e realizar a identidade entre a própria consciência individual e Brahman, a consciência Absoluta. O jñana-yoga foi difundido pelo grande sábio Adi Shankara, do século VIII, que disse: “Está afirmado nos tratados de yoga: ‘O yoga é o meio de perceber a realidade’.”

 

Quatro ramos

Já sob o aspecto da técnica, o yoga é por vezes dividido em quatro ramos principais, que são o raja-yoga e o mantra-yoga, o hatha-yoga e o laya-yoga.

Raja-yoga

O raja-yoga (literalmente “yoga-régio” ou “yoga dos reis”) foi descrito pelo escritor hindu Patanjali, possivelmente do século III, no yoga Sutra, o texto mais antigo sobre o yoga. Nos textos antigos, era considerado tanto como o objetivo do yoga quanto como um método para alcançar esse objetivo. O raja-yoga é também conhecido como ashtanga-yoga (yoga de oito membros, devido a ter oito partes). O raja-yoga pode ser definido como a arte mental, a concentração, incluindo a meditação e a contemplação.

Mantra-Yoga

O mantra-yoga, também conhecido como japa-yoga, é a repetição de um nome de uma Divindade ou de uma fórmula sagrada (mantra) como instrumento para se conseguir a consciência da Divindade.

Hatha-yoga

O hatha-yoga é a preparação psicofísica da prática espiritual, incluindo técnicas de respiração e posturas hieráticas.

Laya-yoga

Já o laya-yoga, também conhecido como tantra-yoga, é um modo avançado de hatha-yoga que procura ver o lado positivo dos seres e dos fenômenos e busca a união com seus arquétipos celestes.

 

Um outro tipo de yoga, por vezes visto como separado, é o kundalini yoga, que procura despertar a energia corporal e cósmica usando técnicas de respiração e posturais. O Kundalini yoga usa o conceito de chacras, que são pontos focais de meditação ou centros de energia psíquica.

Os yoga Sutras de Patañjali

Esta é uma coleção de aforismos sânscritos sobre a teoria e a prática do yoga. Foi compilada nos primeiros séculos após Cristo pelo sábio Patañjali, que se considera ter compilado e organizado um conhecimento vindo de tradições mais antigas.

Sutras de Patañjali

Embora sejam considerados hoje um dos textos fundamentais da tradição do yoga, esses sutras estiveram esquecidos por cerca de 700 anos, voltando a serem difundidos no século XIX em conexão com correntes de um neo-hinduísmo.

 

Definições em textos sagrados

Algumas das principais definições do yoga nos textos sagrados sânscritos são as seguintes:

 

No Vaisesika Sutra, se diz: “O prazer e o sofrimento surgem como resultado da aproximação mútua dos órgãos dos sentidos, da mente e dos objetos. Quando isso não acontece porque a mente está no si, não há prazer ou sofrimento, pois a pessoa está encarnada. Isso é o yoga.”

No Katha Upanixade, por sua vez: “Quando os cinco sentidos e a mente estão parados, e a própria razão descansa em silêncio, então começa o caminho supremo. Essa firmeza calma dos sentidos chama-se yoga. Mas deve-se estar atento, pois o yoga vem e vai.”

Na Bhagavad Gita, se diz que “o yoga é a equanimidade da mente tanto no sucesso quanto no fracasso.” E que “o yoga é perfeição na ação”. E ainda: “Saiba que o que é chamado de yoga é o cessar do contato com o sofrimento.”

No yoga Sutra, se diz é “o recolhimento das atividades da mente”.

No Svetasvatara Upanixade, se diz que: “Não conhece doença, velhice nem sofrimento aquele que forja seu corpo no fogo do Yoga. Atividade, saúde, libertação dos condicionamentos, circunspecção, eloquência, aroma agradável e pouca secreção são os sinais pelos quais o yoga manifesta seu poder.”

No Maitri Upanixade, é dito: “A unidade da respiração, da consciência e dos sentidos, seguida pela aniquilação de todas as condições da existência: isso é o yoga.”

No Yogabija, o yoga é definido assim: “Diz-se que o yoga é a transcendência da conexão com a rede das dualidades.”

No Vishnu Purana, por fim, se diz: “Do estudo deve-se passar ao yoga. Do yoga deve-se passar ao estudo. Pela perfeição no estudo e no yoga, percebe-se a Consciência Suprema. O estudo é um dos olhos com que se percebe o Ser. O yoga é o outro.
 Aquele que é uno com o Ilimitado não vê mais com os olhos do corpo.”

Pranayama

Outro aspecto importante do yoga é a prática de controle da respiração, conhecida como pranayama. Em sânscrito, prana significa “força vital”, enquanto yama significa “conseguir o controle”. O pranayama seria a prática de elevar as energias vitais.

 

O pranayama está descrito em textos como a Bhagavad Gita e os yoga Sutras de Patanjali.

Budismo e jainismo

Alguns estudiosos sustentam que o budismo e o jainismo usaram antes do hinduísmo práticas de controle da mente e do corpo similares às do yoga, e isso como meio de escapar da cadeia de nascimentos e renascimentos e atingir a libertação.

O yoga no mundo atual

O yoga teve uma grande difusão no Ocidente na segunda metade do século 20, principalmente o yoga visto como uma prática de meditação e/ou de posturas físicas.

 

Diferentemente do yoga tradicional, que está inserido no contexto da religião hindu, o yoga moderno não está vinculado à religião, nem a escolas específicas, mas é visto mais como um instrumento de desenvolvimento pessoal, de equilíbrio da mente e do corpo, de relaxamento, de qualidade de vida. Os gurus ou mestres espirituais têm pouco destaque, havendo, ao contrário, muitos instrutores de yoga.

 

Esse movimento, contudo, já tinha começado nas décadas de 1920 e 1930, na Europa, crescendo na década de 1960, em conexão com o movimento da Nova Era. Mais para o final do século, por fim, veio a se desenvolver todo um “yoga” ligado quase que exclusivamente à preocupação de manter o corpo em forma.

 

Nessas correntes modernas, acredita-se que o yoga contribui para a prevenção e mesmo a cura de uma série de enfermidades, como a pressão alta, dores nas costas, depressão, ansiedade, distúrbios do sono e diversas outras.

Asanas

Um dos aspectos mais conhecidos do yoga moderno são as asanas, posturas do corpo que favorecem o equilíbrio corporal e a meditação. Tradicionalmente, tinham como objetivo auxiliar no atingimento do samadhi, um estado de consciência superior.

 

O termo asana vem de uma palavra sânscrita que significa “assento”. De fato, as asanas mencionadas nos textos mais antigos eram posturas sentadas utilizadas na meditação. No moderno yoga, contudo, as asanas também incluem diversos outros tipos de posturas.

 

Diz-se que o número tradicional de asanas é de 84, mas diferentes textos descrevem diferentes grupos de posturas, e também usam nomes diversos para a mesma postura.

 

Um tratado clássico do yoga no hinduísmo tradicional, o yoga Yajnavalkya, fala de oito tipos de asnas de yoga — suástica, gomuca, padma, vira, simha, bhadra, mukta e mayura.

Conclusão

Como você pode ver, o yoga é muito mais do que só uma prática “New Age” de espiritualidade superficial ou bem-estar físico e mental. É uma parte essencial de grandes religiões mundiais, e tem um significado profundo — ainda que também possa ser praticada apenas como uma prática de saúde, nos dias de hoje.